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Livro reúne escritos marginais de padre "alternativo" que comia grilos

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Religioso esquisito sempre existiu, mas poucos chegam aos pés de Dom Gurgel, o padre das quebradas. Se hoje em dia o que muito se vê são padres cantando na televisão --e vendendo muitos discos--, Gurgel chegou a comer uma porção de grilos no programa do Silvio Santos, na década de 1970. Tudo para pagar o telhado de sua igrejinha na periferia de São Paulo. Ele registrou em livro muitas de suas histórias malucas, com um talento narrativo singular e uma pegada marginal. Parte desses escritos acaba de ganhar nova edição em "Agonia de um Padre Casado" (Editora Veneta). É preciso dizer que, apesar de esforçado, o padre Milton Gurgel Praxedes (1922-2004) nunca foi dos católicos mais convictos. Presepeiro como ninguém, amargou algumas prisões pelos motivos mais diversos: deserção, roubo de queijo e até participação, por engano, em uma rebelião. Ele também foi um dos primeiros cassados da ditadura, segundo o editor Rogério de Campos, organizador do livro. "Depois do Golpe de 64

A estrela e a esperança

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Tive a sorte de conviver durante cerca de um ano no inicio da década de 1990 com o escritor e dramaturgo Plínio Marcos. O tarô era um assunto recorrente nas conversas que tivemos. Aliás, ele fez o que pode para me ensinar a ler esse oráculo misterioso. Ele ressaltava sempre que era um dos caminhos de autoconhecimento, jamais um sistema de adivinhação ou de previsão de futuro. Seria pretensão dizer que aprendi, mas lembro de algumas lições. Uma delas era sobre a esperança. Plínio dizia: “É a última que morre, mas quando morre, morremos com ela”. No baralho de Marselha, um dos mais antigos, a esperança é representada pela carta número 17, “A Estrela”. Ele gostava de temperar as conversas misturando historias do taro mitológico. No baralho mitológico, a carta da estrela se entrelaça a Pandora, que no mito grego abriu a caixa cheia de desgraças dada à humanidade por Zeus com a advertência de que nunca fosse aberta. Mas, além de linda, a jovem era, como toda mulher, muito curiosa e abr