Bate-papo com Gilberto Gil, em BH sobre cultura digital

Durante o evento “Teia – Tudo de todos” realizado em novembro pelo MinC, em Belo Horizonte, o ministro Gilberto Gil (Cultura) conversou durante horas sobre avanços e obstáculos da era digital. O espaço quase não foi suficiente para o número de pessoas interessadas em ver, ouvir e conversar com o ministro. Não faltaram críticas, nem aplausos.

Questionado sobre o futuro da cibercultura, Gil destacou o espaço cada vez maior para a difusão cultural, impulsionado pela internet. Artistas brasileiros sem lugar nas prateleiras da grande indústria cultural encontraram na rede um espaço sem limites pra divulgação de seus trabalhos.

O compartilhamento do processo criativo foi outra possibilidade ressaltada pelo ministro, aspecto que arrepia o mundo empresarial. Mas apesar dos narizes tortos, a questão econômica é um fato inevitável. "A expansão dos meios está revolucionando as relações comerciais, amadores estão se profissionalizando enquanto profissionais se tornam amadores", disse o ministro.

DESATANDO NÓS

Imbróglios antigos e recentes invadiram o debate, como a histórica luta das rádios comunitárias e as infindáveis interrogações sobre direitos autorais. "O problema das rádios comunitárias pode ser solucionado imediatamente, afinal o espaço é abundante. O que falta é repensar a distribuição para evitar os abusos". Para Gil, é papel da sociedade decidir que rádio ela quer.

O ministro observou ainda que é preciso estar atento às transformações que ocorrem cada vez mais de forma muito rápida. "Há dez anos quem imaginava que aparelhos celulares poderiam filmar ou serem distribuídos gratuitamente?", questionou. Na esteira desse avanço, telefone fixo, há poucos anos considerado um artigo de luxo, ganhou o mesmo status de um pingüim na geladeira, ironizou o ministro. A velocidade, segundo Gil, é a característica mais evidente do momento atual. "A aceleração se dá inclusive na esfera psicológica, hoje parece que tudo passa mais rápido", disse.

LUGARES COMUNS

Sobre a polêmica discussão dos direito autorais, Gil foi enfático. "É um direito como qualquer outro, precisa ser relativizado. Nenhum direito pode ser absoluto". É preciso levar em conta os interesses variados, prossegue. "Claro que o autor tem direito sobre sua obra, mas é preciso garantir o direito público de acesso a ela".

O ministro lembrou ainda que em cinco anos milhões de obras foram licenciadas por meio do Creative Commons (licença que autoriza o uso em diferentes níveis). Apesar de desqualificada por parte da indústria cultural, a licença exibe uma pujança difícil de ser ignorada. O numero de adesões comprovam o fenômeno.
[Carlos Minuano, de Belo Horizonte, para a agência 100canais]

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