Rebeliões rítmicas

No CD independente Rebelião na Zona Fantasma, poesias revestidas com o clima do velho blues do delta do Mississipi

Carlos Minuano
Agência Carta Maior

Disco de poesia ou versos com música de fundo? Talvez as duas opções estejam corretas, mas a sensação ao ouvir o CD “Rebelião na Zona Fantasma”, do poeta Ademir Assunção, que acaba de sair do forno, é de que há algo mais. O autor mistura em sua panela diabólica entonações e ritmos que revestem as palavras com o clima do velho blues do delta do Mississipi. Inclui ainda pitadas da cadência rítmica típica do jazz e do rock.Resultado de mais de dez anos de produção, incluindo mais dois de estúdio, o trabalho inova. Com a colaboração de amigos, como Zeca Baleiro e Edvaldo Santana, Ademir agarra nos dentes sua poesia e se recusa a ser um mero letrista. Faz questão de levar suas composições ao palco. No centro de sua busca, nasce um lugar de fusão entre a musica e a poesia. “Queria que elas estivessem no mesmo plano, ou mais que isso, uma dentro da outra como esqueleto e corpo” - conta o autor.
Formado em jornalismo, Ademir Assunção tem estrada. Seus 43 anos foram ocupados com trabalhos em grandes jornais e revistas, como Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo e Istoé. Mas orgulho, mesmo, ele sente é de sua quilometragem poética. Em seu currículo constam parcerias gravadas com o compositor Itamar Assunção (de quem não é parente, vale dizer), cinco livros de poesia, contos e crônicas. Atualmente, é editor de uma revista independente de literatura, a Coyote.
Independência

Apesar da trajetória rica, o poeta teve dificuldades para lançar seu primeiro CD. As gravações somente puderam começar após a venda de seu automóvel, um velho Verona. O álbum é vendido apenas pela Internet e não conta com estratégias de divulgação mais apuradas. “Não estava interessado em me submeter à lógica do mercado, e se eu ficasse esperando alguma gravadora se interessar o CD não sairia”, dispara Assunção.
O autor é um entre os vários artistas que não encontram espaço na grande indústria musical que, temerária de fracassos e prejuízos financeiros, quase sempre prefere o óbvio, atalho certeiro ao lucro. “Nesse jogo, o público sai perdendo. Tem muita produção criativa Brasil afora. Mas a difusão disso tudo é medíocre”, observa Ademir. Revoltado com os ditames de um mercado aparentemente inacessível, ele encontrou na internet uma forma de superar os bloqueios e divulgar seu trabalho.“Não tenho dinheiro para pagar jabá em rádios. Se tocasse, tenho certeza que mais pessoas se interessariam. Mas os donos dos meios de comunicação privam o publico de informação, é uma espécie de censura branca.”
Ademir Assunção, apesar da bronca, não parece muito zangado com mercado ou coisas do tipo. Para ele, o foco está na arte. Foi com esse objetivo que convidou o cantor e compositor, Zeca Baleiro para interpretar uma de suas poesias, “Câmera Indiscreta”. “É um soneto urbano, cinematográfico, melancólico que combinava com a sensibilidade poética do Zeca”, conta Ademir. Para quem quiser conferir, a música é uma das faixas do CD “Rebelião na Zona Fantasma”, que pode ser adquirido através do e-mail:
zonafantasma@uol.com.br. Outras composições estão disponíveis no site do autor, www.zonafantasma.uol.com.br.

Comentários

Anônimo disse…
Your are Excellent. And so is your site! Keep up the good work. Bookmarked.
»
Anônimo disse…
Your site is on top of my favourites - Great work I like it.
»

Postagens mais visitadas deste blog

Xingu: 50 anos em filme

Cinema de índio

O que é uma pessoa cisgênero?